quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

CONTOS DE BAIRRO NA GALERIA OLIDO



Nos dias 03/12 - Galeria Olido, nop centro de SP  e 11/12 no Centro Cultural Monte Azul - zona sul l
Lançamento dfos curtas do Projeto Contos de Bairro, coordenado por Peu Pereira.


Amanhã Talvez
Baseado no conto de Sérgio Vaz
Direção: Rogério Pixote
Fotografia: Renato Cândido
Elenco: Evânio Telles, Sérgio Carozzi e Tatiana Godói
Trilha Sonora: Gunnar Vargas e Diogo Jaime

Manoel e sua vida, cotidiano. Bebida, controle remoto, controle remoto, bebida, boteco. Às vezes a mulher, às vezes os filhos, às vezes.
Controle remoto, bebida, TV, a Morte. A Morte e a vida de Manoel.


O Sonho de Titia
Baseado no conto de Tico
Direção: Paula Szutan e Bel Mercês
Fotografia: Fernando Marrom
Elenco: Daniel Granieri, Julia Ianina, Ney Piacentini e Nina Barg
Trilha Sonora: Gunnar Vargas

Depois de uma noite de rebeldia, amor e divagações literárias, Keyla decide que vai pedir a mão do namorado em casamento.
Mas no mesmo dia acontece algo inesperado com a tia dele.


Realização: Coletivo Arte na Periferia e Programa VAI
Produtoras: HL Filmes e Tatarana Filmes
Apoio: Revista de Cinema

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Karin Ainouz, ceguinho ladrão é um perigo!

Em entrevista para a revista digital Moviola, cineasta que dirigiu Madame Satã e Céu de Suely diz, entre outras coisas, que faz cinema por causa de um problema degenerativo nos olhos, por isso rouba as imagens do mundo. Interessante, ceguinhos cineastas, ou afins, são mesmo um perigo.


Entrevista com Karim Aïnouz from ::: Ariane Mondo ::: on Vimeo.

domingo, 25 de outubro de 2009

Debate na II Mostra de Cultura da Cooperifa

O debate começou com a peteca: A periferia se identifica com o cinema de periferia?





Ricardo Elias (prestes a dormir), eu, Toni Nogueira (dormindo) e Luiz Barata durante a mesa do dia do cinema na II Mostra de Cultura da Cooperifa. (KKK) Sem brincadeiras, a conversa rendeu coisa boa.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Lançamento de HQ e documentário: Berimbau de ouro




AGÔ!
Peço licença aos mais velhos e aos mais novos.
É hora, é hora camarado! O berimbau, tá chamando pra vadiá...
Está chegando pra grande roda do mundo, o livro:
Histórias de Tio Alípio e Kauê:

O Beabá do Berimbau.”

                                                                                       de Marcio Folha


Tio Alípio tem 80 anos. É um personagem fictício , que representa o guardião do conhecimento . Baseado na vida e lições de vários Mestres da velha guarda da Capoeira, seu nome é uma homenagem a um antigo Mestre africano de Santo Amaro da Purificação *.
Kauê, 10 anos, é um menino aprendiz , curioso e apaixonado. Foi inspirado nas crianças da Cidade Tiradentes que participaram da oficina de Capoeira , aprendendo e ensinando, no projeto “ Rum , Pi e Lé”**Kauê quer , a todo custo , que o Mestre lhe dê um berimbau , mas antes terá de aprender com ele , sobre a história , a filosofia , os fundamentos , a religiosidade, enfim , sobre a complexidade da Capoeira , bem como , a fabricar o seu próprio instrumento .
O Berimbau permanece entre os dois personagens incentivando e mediando o confronto de idéias e ideais . Elesconversam de igual pra igual , testando um ao outro .
O desenho parece emitir um som , contém magia na sua linguagem , no traço , nas cores e na dinâmica , sua leitura é leve e descontraída.
Boa parte do livro será distribuído nas bibliotecas e escolas públicas de São Paulo, sobretudo, na Cidade Tiradentes.
Essa brincadeira nasceu da seriedade e dedicação, do camarado Marcio Folha, pela Capoeira; uma riqueza que está herdando do saudoso Mestre Gato Preto, pelas mão do sábio Contra-Mestre Pinguim. E, tudo isso está sendo possível através do projeto “O Beabá do Berimbau” contemplado pelo programa VAI 2009.
Além do livro, produzimos durante o projeto  o documentário: “Berimbau de Ouro”, que trata sobre a história do deste instrumento e fala sobre Mestre Gato Preto, um dos maiores tocadores de berimbau que o mundo conheceu.
* Cidade de origem da Capoeira Angola
**Projeto da Sociedade Brasileira de Arte e Cultura Negra – Oriashé

Durante os meses de outubro e novembro, haverão diversos lançamentos do livro pela cidade.

domingo, 4 de outubro de 2009

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Faça a coisa certa. Spike Lee.

Faça a coisa certa!
Só isso?
Só isso.

Fundação Dixtal apresenta - COM A PALAVRA: A IMAGEM - Cinema, vídeo e literatura


Opa, negócio é o seguinte. Estou ajudando a fazer essa mostra na Fundação Dixtal, divulguem, cheguem!

“O ato de ver só se manifesta ao abrir-se em dois” (Didi-Huberman)










 Trecho do filme Cartas da Mãe, de Fernando Kinas.



É isso o que propomos, a possibilidade de compartilharmos a imaginação, desdobrarmos em quatro e já que o ato de imaginar é originário da imagem, vamos flutuar com os pés no chão agarrados nela, a cristalização da palavra, o rabisco da imaginação.

A mostra propõe a “arte do encontro” entre autores e peças audiovisuais pautadas na literatura. Uma atividade da Fundação Dixtal em comemoração ao12 de outubro, Dia Nacional da Leitura.

Exibições gratuitas

Programação

Dia 06 de outubro às 19 horas.

Exibição:
Narradores de Javé.
Homo Erectus
Tá me ouvi-vendo? 

Bate-papo com:
Marcelino Freire e Rogério Pixote.

Dia 20 de outubro às 19 horas.

Exibição:
Mutum

Bate-papo com:
Binho e Serginho Poeta

BICICLOTECA
Traga seu livro para doar ou trocar com a Bicicloteca, uma bicicleta que circula com livros num caixote, trocando e emprestando livros com as pessoas em suas casas ou espaços públicos, como pontos de ônibus.


Dia 27 de outubro às 19 horas.

Exibição:
Cartas da Mãe

Bate-papo com:
Fernando Kinas

Local:
Fundação Dixtal – Rua Geraldo Fraga, 624 – Jardim São Luís – zona sul de São Paulo.


Itinerância:


Dia 10 de outubro às 18h30.

Exibição ao ar livre:
O Menino Maluquinho
Local: Cine Favela
Travessa Ibirapuera, entre a Rua Macedônia Fernandes e a Rua Pinhal Velho - Jardim Ibirapuera.




Sinopses

NARRADORES DE JAVÉ
Direção: Eliane Caffé
Nada mudaria a rotina do pequeno vilarejo de Javé se não fosse o fato de cair sobre ele a ameaça repentina de sua extinção: Javé deverá desaparecer inundado pelas águas de uma grande hidrelétrica. Diante da infausta notícia, a comunidade decide ir em defesa de sua existência pondo em prática uma estratégia bastante inusitada e original: escrever um dossiê que documente o que consideram ser os "grandes" e "nobres" acontecimentos da história do povoado e assim justificar a sua preservação.

TÁ ME OUVI-VENDO?
Direção: Rogério Pixote
Realização: CineBecos
Vídeo com eixo no texto Trabalhadores do Brasil, de Marcelino Freire em diálogo com os filmes Terra em Transe e Di-Glauber, de Glauber Rocha.


HOMO ERECTUS
Direção: Rodrigo Burdman
Animação feita por Rodrigo Burdman num conto de Marcelino Freire. Locução de Paulo César Pereio. São Paulo, Brasil 2009.



CARTAS DA MÃE
Direção: Fernando Kinas
Cartas da mãe conta uma parte da história recente do Brasil através das cartas que o cartunista Henfil escreveu para sua mãe, Dona Maria. Estas cartas, breves crônicas sobre a situação brasileira nos tempos da ditadura militar, dialogam com imagens atuais do Brasil. Artistas, políticos e amigos de Henfil – entre eles o escritor Luis Fernando Veríssimo, os cartunistas Angeli e Laerte, o jornalista Zuenir Ventura e o Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva – dão depoimentos inéditos sobre a vida de Henfil, que morreu em 1988. Animações de seus cartuns complementam este documentário que, ao relembrar a vida e a obra de Henfil, tenta refletir sobre o Brasil dos nossos dias.


MUTUM
Direção: Sandra Kogut
Mutum é um local isolado do sertão de Minas Gerais, onde vivem Thiago (Thiago da Silva Mariz) e sua família. Thiago tem apenas 10 anos e, juntamente com seu irmão e único amigo Felipe (Wallison Felipe Leal Barroso), é obrigado a enxergar o nebuloso mundo do adultos.

- Mutum é baseado na história de Miguilim, da novela "Campo Geral", de João Guimarães Rosa.


O MENINO MALUQUINHO
Direção: Helvécio Ratton
As travessuras de um garoto de classe média que, juntamente com seus amigos, participa de corridas de carrinho de rolimã e diversas outras brincadeiras. Maluquinho, um menino travesso da classe média, adora brincar e pregar peças nos amigos, mas sofre quando seus pais se separam. Mas aí aparece o Vovô Passarinho, que o leva para umas férias na fazenda, onde vive agitadas aventuras.
Endereços e site:
www.fundacaodixtal.org.br
Dias 06, 20 e 27 de outubro: Fundação Dixtal – Rua Geraldo Fraga, 624 – Jardim São Luís – zona sul de São Paulo. Grátis. 19 horas.

Dia 10 de outubro: Cine Favela - Travessa Ibirapuera, entre a Rua Macedônia Fernandes e a Rua Pinhal Velho - Jardim Ibirapuera.



segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Serra diz que a culpa é dos migrantes

Por que o ensino público em SP é uma porcaria?  A culpa é dos nordestinos, assim disse Serra na Globo.
Assista o vídeo a partir dos 5 minutos.

Adesivo “PSDB a favor do Brazil” é distribuído em encontro sobre educação

O encontro reuniu os pré-candidatos do PSDB à presidência da República, governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) em Natal.

Por Luana Ferreira

 em No Minuto


 Adesivos que grafavam a palavra “Brasil” com “z” foram distribuídos hoje (26) durante um seminário sobre educação que o PSDB promoveu em Natal.

Os adesivos “PSDB a favor do Brazil” foram grudados nas camisas das pessoas logo na entrada do hotel Praia Mar, e apesar do esforço do pessoal da organização, que circulava o hotel pedindo para que elas retirassem o adesivo, no final do evento muita gente ainda estampava o erro.

O encontro reuniu os pré-candidatos do PSDB à presidência da República, governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), além de secretários de Educação, deputados federais e senadores do DEM e PSDB.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Amanhã Talvez. Vote hoje.

Opa!

O curta-metragem Amanhã Talvez está concorrendo a um prêmio do Festival Internacional de curtas-metrages de SP.

Clique aqui para ver o vídeo. Se gostar, vote, se não gostar, também vote.

Para votar é só se cadastrar no site, jogo rápido. Confirme a mensagem recebida, faça o loguim, assista o vídeo e escolha a estreliha preferida (de 1 a 5). Seria interessante se você botasse lá 5 estrelas.

Pra quem quiser ver na tela grande, sábado tem no Centro Cultural SP.

PS: O editor do vídeo, David Vidad, prometeu pagar uma cervejinha para quem votar. Aproveite!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Amanhã Talvez

Salve povo que perde seu tempo sentindo o cheiro desse caldo.

Infelizmente tenho que ser breve, não ando com muito saco para organizar palavras, pensamentos e atitudes. Vocês sabem bem como é, todos nós devemos ter nosso direito, nossa cota de loucura, algo que se pareça com um grito submerso e já que não posso rasgar dinheiro...

Pois bem, antes que eu me empolgue.

Há um tempo topei uma outra loucura, roteirizar e dirigir um de três curtas-metragens baseados em contos, uma adaptação do texto para imagem em movimento, vídeo ou o que você achar mais conveniente. Confesso que foi penoso. Primeiro que as pessoas que estavam comigo toparam várias propostas minhas, acreditaram, isso é um perigo, nem sempre dá certo mas o risco de sair uma merda é sempre uma delícia. Outra, o texto do Sérgio Vaz é engraçado pra caramba em alguns momentos e tenso em outros, beira o caricato mas consegue quebrar o gelo aqui e acolá.

Eu? Sempre tive dificuldade em trabalhar com comicidade, ter ginga pra isso, to superando, mas era um desafio quando escrevia lá no Becos e Vielas...

Outra, o assunto é delicado pra mim, vida e morte, álcool, essas coisas. Compreendi bem a responsa que é a imagem, o discurso, não é do mundão que a gente trata, não setrata de alteridade não, se trata de poder dar bom dia olhando nos olhos, de um abraço sincero, de seu trampo ser um abraço ou um tapa na cara das pessoas que fazem parte da sua vida. Dá pra entender? Pois é.

Outra, como não se debruçar ao moralismo quando a ferida dói? Apois. Como vestir de textura, sons, de uma pulsação de vida, um texto escrito linearmente?

Fomos na febre do rato, várias tretas de produção mas tá aí o primeiro curta do projeto Contos de Bairro. Pode até não gostar do trampo, mas pelo menos um cheiro de ousadia consta, ahh se consta.

Sim, já ia me esquecendo, o curta tá no 20 Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo e também vai ser exibido no Agosto das Artes e no Sacola de imagens. As datas estão no cartaz lá em cima. Clica lá.

domingo, 16 de agosto de 2009

Sarau da Ademar, hoje. A gente se encontra.


Poder Para o Povo

Onde? Nakasa Rock MPB Bar
R. Publio Pimentel, 65 - Cidade Ademar - Tel 5622-4410- Z/S
(altura do 3850 da Av. Cupecê)

Quando? Domingo 16/08

Horário? Das 17h as 18h Tonhão 1 barzinho 1 violão
as 18h daremos início à poesia

O que!?
Tem mais?
Banda Balanço Universal o puro swingado do samba rock

ENTRADA FRANCA

PARTICIPE E TRAGA SUA ARTE!!

MÚSICA-POESIA-LITERATURA-COMUNIDADE-VOCÊ-TUDO JUNTO

quinta-feira, 6 de agosto de 2009


Em muitas noites o sono me pertuba e o desejo de querer viver mais me sufoca. É quando busco sentido em tudo que faço. Abro um livro antigo e percebo que desaprendi, que mudei, perdi amigos q se transformaram em lágrimas e saudosismo, que você mudou. Fecho os meus olhos e enxergo melhor.
Meu amor, sinta meu abraço. Não deixemos que a solidão seja a nossa fiel companheira.
Amanhã poderemos não existir.
Onde está a garrafa de vinho?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Paraisópolis (SP) sitiada.


Visualizar Paraisópolis cercada em um mapa maior
Paraisópolis, Zona Sul da cidade de São Paulo, cerca 20 mil moradias abrigam 80 mil pessoas com as precariedades que se encontram nos bairros de periferia de qualquer metrópole. Com um alto índice de desemprego, 75% dos seus moradores trabalham no setor informal no vizinho bairro de classe Alta, o Morumbi.

Leia mais no jornal Brasil de Fato.

Now! Santiago.

Vamo que vamo!
Para engrossar o caldo, mando agora uma baita pedra, não há liga de mocotó algum que seja mais forte.
É Santiago Alvarez minha gente, o cineasta cubano endiabrado, sim.
Vamos de Now!(1965) Um dos filmes da minha vida.
Santiago faz uma poesia com images de manifestações anti racismo na terra do Tio Sam, usa a música que tem o mesmo nome do filme para estruturar trampo.

Dá uma conferida.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Na ponta dos dedos


Alô?

Alô.


Oi. Você já voltou com o seu ex?

Não, por que?

Faz favor de dar uns beijinhos nele? Não precisa nem fechar os olhos. Vá devagarinho enquanto o beija, desça a mão bem devagar pelo corpo dele.

Jogue-o...

Não diga isso, estou há um mês sem sexo.

... na parede.

Por favor, pare por aqui.

Beije seu pescoço enquanto ele fica estalado na parede.

Desabotoe devagar a camisa dele.


Estenda o braço até...

Por favor.

… a estante, pegue meu DVD e saia batendo a porta. Te espero na outra calçada sua senvergonha.

Tuuu, tuuu, tuuu.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Serras da Desordem.

Este é o treiler de Serras da Desordem, um dos melhores filmes nacionais desses tempos. Um caldo e tanto.
A direção é de Andrea Tonacci, montagem de Cristina Amaral.

As cartas...

As cartas... As cartas de minhas tias para a minha avó sempre começavam com suas "saudações cordiais" que logo eram seguidas por "nessas mal traçadas linhas" conseqüência de um sem número de rumos mal traçados que as fizeram migrar para São Paulo. Estava aprendendo a ler e, sentada no chão perto do fogão a lenha, tentava decifrar para minha vó o que realmente as tais mal traçadas linhas queriam dizer. Muitas vezes, por minha falta de destreza com as letras, ou mesmo, pela falta de precisão da grafia tinha que interpretar e dar contorno as notícias. Também comecei a pensar que o que estava escrito poderia nem ser exatamente o que fora ditado, ou seja, proferido por minhas tias. Ler em voz alta aquelas cartas se tornava uma brincadeira de telefone sem fio.


Com os anos, só porque fiquei uma verdadeira especialista em leitura de cartas, as endereçadas a minha vô foram diminuindo, diminuindo até não serem mais postadas. Ela até chegou a me ditar algumas, pedindo notícias, pedindo que a viessem visitar, mas eram sempre devolvidas. As cartas e a esperança de reencontro foram ficando amarelas e emboloradas. As lembranças dos rostos que se despediram vão se apagando, tornaram-se uns quadros antigos na parede cujos traços estão borrados.


Recentemente, instalaram um orelhão aqui em Buquim, nosso povoado. Em mim uma esperança se renovou, quem sabe uma de minhas tias também tenha telefone e faça alguma tentativa! Porém, o orelhão em frente à capelinha não significou para minha vó a diminuição da distância entre ela e suas filhas, pois já cansada de esperar e por conta dos anos de lida dura, sua vida estava por um fio.


O orelhão era disputadíssimo, no domingo depois da missa, a fila era enorme, pessoas fazendo e recebendo ligações. Ao desligar o ritual seguinte era o de ir passando de casa em casa contando as novidades que acabavam de ouvir do parente distante. Desta forma, muitos mal entendidos de anos foram resolvidos, muitas notícias tristes dadas, fofocas atualizadas e muitos alívios sentidos ao saber que ainda está vivo alguém se se gosta.

Era um dia sem filas no orelhão e ele toca. As crianças já tinham até inventado uma brincadeira para decidir quem iria atender, depois do 1..2..3.. e já! Quem falasse o nome de todos os donos das casas do povoado o mais rápido possível, sem errar, podia atender. Não era tão difícil assim, pois se tivesse umas 30 casas no povoado era muito, além das horas a fio que passavam treinando repetindo e repetindo.


Estava a debulhar espigas de milho, quando ouvi Zé Piaba, filho de Justino de seu Ernesto, batendo na porta de minha vó dizendo que era telefonema de São Paulo, corri pra lá e o menino esbaforido disse que estavam querendo falar com ela. E este era fato inédito no povoado, nossa família nunca tinha recebido uma ligação.


Corri e atendi. Do outro lado da linha uma voz longe, muito longe diz ser minha tia. Fiquei muda por alguns instantes e depois me apresentei, nunca tínhamos nos visto, depois senti um silêncio com ruídos de respiração. Choro. E mamãe..como está mamãe...Respondo: triste e doente. A voz diz que quer falar com ela. Pedi que ligasse novamente dali alguns minutos e desliguei.


Imediatamente todos se mobilizam para que minha vó pudesse ir até o orelhão: os homens se propuseram a carregar a cama, as mulheres cuidar para que ela estivesse agasalhada. Em sua boca vi um esboço de sorriso enquanto o pessoal adentrava sua casa.


O telefone toca, atendo e passo pra ela. De um lado da linha a filha tenta dizer tudo o que ficou calado por anos, a voz quase inaudível do outro lado parece reconhecer quem está falando, mas é preciso que fale mais alto, muito mais alto. Lágrimas escorrem do rosto de minha vó quando parece ouvir a voz das outras filhas, responde “Deus lhe abençoe” e pensar que pelo menos estão unidas.


Os outros netos, meus primos, são apresentados um por um e dizem amarem a vó, mesmo a terem conhecido. Mas eu os entendo, só de saber que ainda temos uma avó viva deve ser bom, acho que como eu, ela é a única avó viva deles. No meu caso além de vó, ela também foi minha mãe e meu pai.


Após se desculpar pelos anos e anos de ausência e perda de contato, uma das filhas termina a conversa dizendo: Mãe te amo muito, hã? TE AMO MUITO não vou deixar de ir ver a senhora antes que... como aconteceu com painho. Mãe, não sei quando isto será possível, mas promete que agüentará firme? E ela responde: enquanto esperar por suas cartas viverei, promete que irá escrever?


Luciana Dias

terça-feira, 16 de junho de 2009

Acordando


No baculejar de todas as manhãs, hoje, olhava fixo para as janelas. Não via, construia imagens que ilustravam seus pensamentos.




- Tenho que... unmn ...é. Será mesmo? Que frio. Que sono. Merda, tiazinha forgada. Esse maluco tá tirando, vai encoxar a mãe!

Os braços já estavam dormentes.

- Vamo ae pesssoal, ainda cabe lá no fundo. Bora, bora!

- Seu fi de corno, você quer que eu vá onde? Tá pensando que aqui é jumento?

A tiazinha soltou sua ira no pé do ouvido dele, sem camurça, era para o cobrador mas Ele sentiu sua cabeça tilintar, sua orelha lambida por palavrões que Guimarães Rosa nunca nem imaginou, ferveu. Olhou para trás e... Não deu tempo, foi exprimido pela massa.

- Vam´bora piloto.

Ainda ficou um bom tempo na cancela olhando para a figura do cobrador. Um sujeito com cara de simpático, abria o olho uma vez ou outra para tocar o gado e acariciar o bigode, sobre a gaveta uma bíblia surrada aberta e uma toalhinha laranja ao lado. Ele não tinha o que olhar, se dedicou ao cobrador, sujeito interessante.

Passou a catraca mas os olhos no cobrador que já estava com outro ritmo, sua preocupação não era mais tocar o povo, acordava só para passar as mãos no bigode, passar as mãos no bigode e olhar para um lado até chegar devagarzinho para o outro.


- Mas que merda ele tanto olha?

- Trânsito, tempo passando, trânsito...

Agora já existe uma evolução no movimento do cobrador baixinho e bigodudo, acariciava seu bigode com os olhos aberto depois de passar os dedos na bíblia, mas o cantinho do seu olho esquerdo revelava...

- O que ele tanto olha?

Trânsito, encoxadas, burburinhos.

- Motorista seu corno! Um passageiro, como sempre.

Mais encoxadas e com licenças.

- Unnm, Ele flagrou novamente o cobrador, cruzaram os olhares, o cobrador dorme. Logo em seguida Ele rastreia os indícios, cobrador volta a abrir os olhos e....

- Nossa, como não tinha visto antes?

A graciosa reluzia, Ele percebeu que não só o cobrador mas todo o ônibus estava na mesma pegada. Ela estava sentada no banco mais próximo da porta de saída, concentrada, lia um livro mas conversava com todos em silêncio com seu saboroso perfume, brincos grandes, cabelo preso para cima com seu delicioso pescoço a mostra dos gaviões.

Ele se apressou em percorrer o tenso corredor.

- Com licença. Com licença.

- Trânsito, trânsito.

Enfim, conseguiu chegar mais próximo daquele mulherão que não era grande, mas uma vasta mulher. A proximidade tinha uns dois bancos no meio.

Para descansar da leitura, apoiava os óculos nos livros, olhava para frente e passava a mão na nuca.

- Que maravilha! Essa eu …

Ele era tímido.

- Eu, eu...

Nem sentia mais as terríveis encoxadas.

- Quer que eu segure suas coisas? Um carinha a sua frente disse.

- Ah, sim. Por favor.

Enquanto despejava sua bolsa no colo do solícito Ela levantou.
Priiiiim. Tocou a campainha.

- É, eu tenho que descer agora mesmo, Obrigado, obrigado. Pegou suas coisas todo desajeitado e saiu encoxando.

- Com licença, com licença.

O busão para, abre a porta. Ele quase chegando.

- Vai descer! Vai descer!

Finalmente chega até a porta enquanto aquela maravilha, já na calçada, o olha.

- Com licença! Vai descer!

- Ô querido, ô.

Ele olha para o lado, é a mesma tiazinha que gritara em seu ouvido.

- Sua cartira.

- Que?

- Sua carteira.

- Hã?

- Sua carteira caiu.

O ônibus fecha a porta e arranca. A tiazinha entrega a carteira para ele com uma cara de sarcástica e sorrisinho de safada.

- Tá aqui meu amor, toma. Cuidado para não ficar sem os documentos.

- Dia de merda! Ele pensou.

domingo, 14 de junho de 2009

.

Mocotó de Frango. Assim que deveria se chamar, e não Twitter.

No fim de semana

Você sabe temperar carne?

- Ei, ô! Sabe temperar carne?

- Carne?

- É, carne moída.

- Isso é muito fácil. Você não sabe?

- Não. O que eu faço?

- Bota sal aí e já era, ô!

- E você aí sabe?

- Não, mas sei lá, não sei. Tem cebola? Alho?

Ele caminhou até a geladeira já sabendo o que o aguardara, a imagem do vazio já era constante em sua re(o)tina mas por alguns segundos queria ser um pouco mais criativo, dar um pequeno choque na lacuna entre o sonho e a possibilidade, saborear um presente diferente. O ar frio da geladeira soou como um despertador berrante de madrugadas frias, mesmo assim avistou lá naquele lugar o vidro de maionese com alhos até a boca e bem do seu ladinho o pote de cebolas, pareciam namorados tomando um vinho tinto agarrados uns aos outros. Eram os únicos habitantes daquela cidade fantasma.

- É isso memo!

- O que?

- Cebola e alho.

- Pega a panelinha aí, por favor?

- Essa?

- Isso.

- Será que tem azeite?

- Isso, põe um pouco aí, um pouco, não vai encharcar.

- E você querida, pegue aquela faca por favor?

A tristeza rondava meio que desconfiada, um felino que finge não estar.

- Vamo picar esses benditos alhos. Cuidado com essa boca menina, esse fogão não tá de confiança.

- Tem mais cebola?

- Essa dá?

- Tem que dar.

Logo agilizaram a cozinha, esquematizaram tudo, venceram as pelejas com as bocas do fogão. Azeite no fogo e o alho em cima. Tchiiiiiiiiiiiii!

O fogo disforme o fazia inventar uma cadência de panelas. Os alhos não podiam ser queimados.

Cutucou o bolso e sacou.

- Vá comprar um molho de tomate. Volte logo.

A carne com o alho se impregnava de outra cor rapidamente. Dá-lhe molho. Um molho Choio apareceu no canto do armário. Dá-lhe molho.

- Tá pronto.

- Unm, delícia!

- Tá bom mesmo?

- Um pouco gorduroso mas uma delícia.

Foi o momento mais lindo do dia.